sempre achei uma estupidez "fazer luto"
esse tal vestir preto, "apenas" porque morreu alguém...que parvoíce...
a verdade é que passados quase 5 meses, ainda visto o luto, também
não é nada planeado...não é nada imposto
apenas não me apetece..
não condiz com o meu sentir o vermelho, nem o verde, nem o amarelo, nem o rosa, nem o fuccia, nem o laranja, nem o azulão...
tenho-me limitado ao preto, ao branco, ao beje, ao azul clarinho e ao castanho...
não é nada contigo, papá
sei que detestavas preto
é comigo
eu é que estou de luto
eu é que te perdi.
domingo, 16 de dezembro de 2007
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
habituar-me a viver sem te abraçar
pensei escrever como título "habituar-me a viver sem ti"...mas, já o escrevi aqui, as pessoas só morrem quando as esquecemos... e eu não vivo sem ti...
depois emendei para "...viver sem te ver", mas eu vejo-te! todos os dias olho para ti nas fotos que tenho comigo - "eu não me canso de te olhar!"
depois pensei em " ...viver sem te ouvir", mas não está certo!
todos os dias te ouço: " diz filhota!" ou " então, o que foi o jantarinho?"e quando te choro, muitas vezes compulsivamente e sem conseguir parar, te ouço também: "vá pára lá com esse disparate..." - e eu páro...
Quando choro em silêncio sentindo aquele aperto no estômago e aquela dor no rasgo meu coração... aí sim quero e não posso...
tenho que habituar-me a viver sem te abraçar...
" a vida sempre continua...mas, eu não sei parar de te olhar"
depois emendei para "...viver sem te ver", mas eu vejo-te! todos os dias olho para ti nas fotos que tenho comigo - "eu não me canso de te olhar!"
depois pensei em " ...viver sem te ouvir", mas não está certo!
todos os dias te ouço: " diz filhota!" ou " então, o que foi o jantarinho?"e quando te choro, muitas vezes compulsivamente e sem conseguir parar, te ouço também: "vá pára lá com esse disparate..." - e eu páro...
Quando choro em silêncio sentindo aquele aperto no estômago e aquela dor no rasgo meu coração... aí sim quero e não posso...
tenho que habituar-me a viver sem te abraçar...
" a vida sempre continua...mas, eu não sei parar de te olhar"
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
é mentira
é mentira que já não chore quando ouço certas músicas..
ainda hoje aconteceu e ontem e anteontem...
dizem que hoje, dia de todos os santos, se vai ao cemitério.
eu não vou. tu não está em nenhum. e não seria isso que me faria melhor...nem a ti
visitar-te? vou todos os dias dentro de mim às memórias que tenho de ti...
mas isso é mesmo difícil.
escolhi esta música da eva cassidy- autumn leaves- que expressa aquilo que sinto hoje:
ainda hoje aconteceu e ontem e anteontem...
dizem que hoje, dia de todos os santos, se vai ao cemitério.
eu não vou. tu não está em nenhum. e não seria isso que me faria melhor...nem a ti
visitar-te? vou todos os dias dentro de mim às memórias que tenho de ti...
mas isso é mesmo difícil.
escolhi esta música da eva cassidy- autumn leaves- que expressa aquilo que sinto hoje:
Since you went away the days grow long
And soon I'll hear old winter's song
But I miss you most of all, my darling
When autumn leaves start to falleu não diria melhor...
domingo, 21 de outubro de 2007
Sábado, 21 de julho de 2007
quando tu partiste, o resto do mundo ficou como estava...
neste dia, houve pessoas que foram à praia, enquanto outros que se casavam, houve quem se baptizasse e houve quem celebrasse mais um aniversário...
estava sol, estava quente...não muito quente para julho , mas quente...
havia pessoas que estariam a dar mergulhos no mar do algarve
e tu tinhas frio
lembro-me que quando me despedi de ti, na visita da manhã, tiritavas febrilmente de frio...
e eu aconcheguei-te com um cobertor castanho que havia no armário do teu quarto 444...
era meio dia e em muitas igrejas, noivos já estariam a selar o seu sim com um beijo
não te veria mais consciente nesse dia...
já só te veria numa convulsão silenciosa lutando por um pouco de ar que já dificilmente conseguias inspirar...
eram 13:45 e nos almoços de aniversário já se estaria a cantar os parabéns e apagar velas
e eu via-te partir...
a luz vermelha da chamada de emergência há muito estava ligada...
e ninguém chegava...
e ninguém nos vinha ajudar...
chamei à porta por ajuda e vieram, cheios de máquinas e seringas...
mas tu já não estavas no 444...apenas o teu corpo...
e no meu coração um misto de alívio por te ver sair daquela agonia em que apenas duravas...
um misto de horror por, impotente, te ver partir....
e houve no mundo mais uma tarde e mais um pôr-de-sol e mais uma noite...
houve gente que foi, naquela noite de sábado, jantar fora e ao cinema...
houve até bébes que foram concebidos nessa madrugada...
mas a isso, tu já não virias a assistir
e nós, já sem ti, fomos para casa chorar-te
vazios
chocados
silenciados
tínhamos acabado de te perder
perdemos-te
e continuamos vazios, chocados e silenciados
e continuamos
a chorar-te
e amar-te
e a viver
agora, sem ti.
"you are so beautiful to me"
neste dia, houve pessoas que foram à praia, enquanto outros que se casavam, houve quem se baptizasse e houve quem celebrasse mais um aniversário...
estava sol, estava quente...não muito quente para julho , mas quente...
havia pessoas que estariam a dar mergulhos no mar do algarve
e tu tinhas frio
lembro-me que quando me despedi de ti, na visita da manhã, tiritavas febrilmente de frio...
e eu aconcheguei-te com um cobertor castanho que havia no armário do teu quarto 444...
era meio dia e em muitas igrejas, noivos já estariam a selar o seu sim com um beijo
não te veria mais consciente nesse dia...
já só te veria numa convulsão silenciosa lutando por um pouco de ar que já dificilmente conseguias inspirar...
eram 13:45 e nos almoços de aniversário já se estaria a cantar os parabéns e apagar velas
e eu via-te partir...
a luz vermelha da chamada de emergência há muito estava ligada...
e ninguém chegava...
e ninguém nos vinha ajudar...
chamei à porta por ajuda e vieram, cheios de máquinas e seringas...
mas tu já não estavas no 444...apenas o teu corpo...
e no meu coração um misto de alívio por te ver sair daquela agonia em que apenas duravas...
um misto de horror por, impotente, te ver partir....
e houve no mundo mais uma tarde e mais um pôr-de-sol e mais uma noite...
houve gente que foi, naquela noite de sábado, jantar fora e ao cinema...
houve até bébes que foram concebidos nessa madrugada...
mas a isso, tu já não virias a assistir
e nós, já sem ti, fomos para casa chorar-te
vazios
chocados
silenciados
tínhamos acabado de te perder
perdemos-te
e continuamos vazios, chocados e silenciados
e continuamos
a chorar-te
e amar-te
e a viver
agora, sem ti.
"you are so beautiful to me"
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
quanto custa a revolta
uma das coisas que me custa muito, é pensar que nem te apercebeste... nem soubeste, pensamos nós, da gravidade do que tinhas...
e não soubeste quão próximo estarias do fim.
e isto custa-me mais porque provelmente terias coisas que quererias dizer, assim como nós te queríamos dizer e não podíamos...
custa-me também pensar que mesmo que soubesses, tivesses preferido viver tudo sózinho, sem fazer sofrer, para não sofrer...
lembro-me de uma vez quereres ver o saco da bílis e perguntares-me exactamente quanto tinha " sei lá 100ml, talvez- dizia eu, enquanto apertava toscamente o saco da sonda que te saía do nariz. mas impaciente com a minha inexactidão, pediste à médica o valor certo e ela disse "85ml". aí suspiraste de alívio e disseste " talvez eu tenha sorte".
não tiveste, papá.
tiveste a sorte de estar cá 60 anos e de deixares muita saudade, muita tristeza, muita revolta....
custa muito a tristeza...custa muito a saudade.... mas a revolta é uma dor imensa...uma chaga...uma ferida... um rasgo no coração...
hoje sonhei contigo. estavas no hospital e querias ir embora. e eu disse-te que não podias porque a história não era assim, tu não tinhas saído mais do hospital, irias ...lá...
e tu insistias e eu não te deixava...
começo a não conseguir fingir nos meus sonhos que tudo será como dantes...
e não soubeste quão próximo estarias do fim.
e isto custa-me mais porque provelmente terias coisas que quererias dizer, assim como nós te queríamos dizer e não podíamos...
custa-me também pensar que mesmo que soubesses, tivesses preferido viver tudo sózinho, sem fazer sofrer, para não sofrer...
lembro-me de uma vez quereres ver o saco da bílis e perguntares-me exactamente quanto tinha " sei lá 100ml, talvez- dizia eu, enquanto apertava toscamente o saco da sonda que te saía do nariz. mas impaciente com a minha inexactidão, pediste à médica o valor certo e ela disse "85ml". aí suspiraste de alívio e disseste " talvez eu tenha sorte".
não tiveste, papá.
tiveste a sorte de estar cá 60 anos e de deixares muita saudade, muita tristeza, muita revolta....
custa muito a tristeza...custa muito a saudade.... mas a revolta é uma dor imensa...uma chaga...uma ferida... um rasgo no coração...
hoje sonhei contigo. estavas no hospital e querias ir embora. e eu disse-te que não podias porque a história não era assim, tu não tinhas saído mais do hospital, irias ...lá...
e tu insistias e eu não te deixava...
começo a não conseguir fingir nos meus sonhos que tudo será como dantes...
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
há dias melhores...
há dias em que quando penso em ti, não choro.
há músicas que já posso ouvir...
há memórias que vou começando a poder reviver...
mas tenho que admitir ainda que não me canso de chafurdar nas imagens do final da tua vida e porque terás escolhido a mim, para te despedires...e porque na serenidade da tua imobilidade te vi partir...sem dramas, sem gritaria, fazendo-te festinhas na cara, dando-te a mão...lembro-me de pensar "tenho que sorrir, para que parta em paz e não me veja em desespero" e assim te disse adeus.
agonia-me pensar que podia ter feito tanto - gritado, respiração boca-a-boca, pôr-te uma máscara de oxigénio- mas naquele momento, a tranquilidade da passagem foi de uma força indescritível...eu nem chorei!
apenas te acompanhei e te disse adeus! até já!vai em paz!
e tu foste
tranquilamente
há músicas que já posso ouvir...
há memórias que vou começando a poder reviver...
mas tenho que admitir ainda que não me canso de chafurdar nas imagens do final da tua vida e porque terás escolhido a mim, para te despedires...e porque na serenidade da tua imobilidade te vi partir...sem dramas, sem gritaria, fazendo-te festinhas na cara, dando-te a mão...lembro-me de pensar "tenho que sorrir, para que parta em paz e não me veja em desespero" e assim te disse adeus.
agonia-me pensar que podia ter feito tanto - gritado, respiração boca-a-boca, pôr-te uma máscara de oxigénio- mas naquele momento, a tranquilidade da passagem foi de uma força indescritível...eu nem chorei!
apenas te acompanhei e te disse adeus! até já!vai em paz!
e tu foste
tranquilamente
domingo, 14 de outubro de 2007
partir vs falecer vs morrer
desde que tu partiste passou a haver no meu léxico três palavras para a mesma situação...
tu partiste, para mim; quando falo de ti aos outros digo que faleceste, oficialmente tu morreste...
é tão estranho...
as outras pessoas morrem, mas tu não!
ainda hoje vieste no meu sonho dizer-me que estás bem!
obrigada!
já não falava contigo há tanto tempo!
disseste-me que ainda não sabias o que tinhas...mas que iríamos todos saber...em breve.
o mesmo que me disseste na véspera de partires..."na 2ª feira vão-me tirar estes tubos, para ver como me aguento", e tiraram, papá... e tu aguentaste-te, mas dentro de nós... a tua força mesmo não estando fisicamente presente mantém-se...
as pessoas só morrem quando as esquecemos...
e tu só morreste no papel...
para mim só partiste.
" eu não vou parar de te olhar"
tu partiste, para mim; quando falo de ti aos outros digo que faleceste, oficialmente tu morreste...
é tão estranho...
as outras pessoas morrem, mas tu não!
ainda hoje vieste no meu sonho dizer-me que estás bem!
obrigada!
já não falava contigo há tanto tempo!
disseste-me que ainda não sabias o que tinhas...mas que iríamos todos saber...em breve.
o mesmo que me disseste na véspera de partires..."na 2ª feira vão-me tirar estes tubos, para ver como me aguento", e tiraram, papá... e tu aguentaste-te, mas dentro de nós... a tua força mesmo não estando fisicamente presente mantém-se...
as pessoas só morrem quando as esquecemos...
e tu só morreste no papel...
para mim só partiste.
" eu não vou parar de te olhar"
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
silêncio
Já tenho saudades…
Já chega de teres partido e de não voltares mais…
Já chega…
Começo a não conseguir disfarçar que nunca mais te vou ouvir…
Quando termina essa viagem?
Quando chegas? Podias ao menos telefonar…manda um e-mail!
Apetece-me olhar-te para além das fotos estáticas com que vou amenizando os meus dias
Preciso que me olhes…
Que me sorrias
Que me respondas!
Há tanta coisa que ainda não te disse…
O silêncio da tua ausência pesa cada vez mais…
Volta papá…
Já chega de não estares aqui para sempre…
Já chega de nunca mais…
Volta papá ao menos durante a noite entre os meus sonhos e os meus acordares em que ainda finjo que tudo será sempre como dantes…
Já chega de teres partido e de não voltares mais…
Já chega…
Começo a não conseguir disfarçar que nunca mais te vou ouvir…
Quando termina essa viagem?
Quando chegas? Podias ao menos telefonar…manda um e-mail!
Apetece-me olhar-te para além das fotos estáticas com que vou amenizando os meus dias
Preciso que me olhes…
Que me sorrias
Que me respondas!
Há tanta coisa que ainda não te disse…
O silêncio da tua ausência pesa cada vez mais…
Volta papá…
Já chega de não estares aqui para sempre…
Já chega de nunca mais…
Volta papá ao menos durante a noite entre os meus sonhos e os meus acordares em que ainda finjo que tudo será sempre como dantes…
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